Quem aqui pensa ou já pensou que pra se levar uma vida mais sustentável e amigável para o planeta custa caro? Essa ideia equivocada tem um papel importantíssimo de manutenção do status quo: fazer com que a grande indústria continue operando pela lógica extrativista e poluidora, sem que precise se adaptar às demandas urgentes da Terra.
A sustentabilidade existe justamente para nos libertar. O mais sustentável é você fazer seus próprios produtos de limpeza em casa em vez de comprar os que já existem no supermercado. Muitas vezes, é essa atitude que ajuda a gente a encontrar uma brecha nesse sistema de consumo e lucro.
O primeiro ponto que precisamos dar atenção é o de que temos uma noção errônea de valor. Não faz sentido que a gente siga achando que um produto que é feito em pequena escala, com mão de obra valorizada e que respeita todas as regras socioambientais tenha o mesmo valor do que aquele feito em grande escala, com mão de obra mal remunerada e menosprezando o meio ambiente. Talvez tenhamos que mudar nossa mentalidade: não é o produto sustentável que é mais caro, mas sim o produto poluente que, ao não remunerar corretamente a cadeia produtiva e ao desconsiderar os cuidados com o nosso planeta, é barato demais.
O segundo ponto que precisamos considerar quando falamos de custo-benefício é a durabilidade. Itens feitos corretamente, com matéria-prima de qualidade, têm uma vida útil muito maior do que aqueles fabricados a em larga escala, com ingredientes mais baratos para aumentar a lucratividade do produto final. Além disso, se determinada mercadoria dura mais, significa também que vamos colocar menos embalagens no mundo, não é mesmo?
A logística sustentável simplifica a vida e faz com que a gente use cada coisinha de um jeito muito mais criativo. Quer um exemplo? O vinagre e suas muitas utilidades — que vai de tônico facial a condicionar perfeito. Nada num sistema natural tem uma única utilidade. Tudo é multifunção e cumpre diferentes papéis em todos os ciclos da vida. Quando inspiramos nossa vida (e consumo) nessa inteligência, é possível consumir de forma simplificada e minimalista. Um óleo de gergelim, por exemplo, pode ser usado na cozinha, no cabelo, no rosto, no corpo. Esse mesmo óleo pode ser transformado (com outros elementos multifuncionais da natureza) em sabão e cumprir diversas outras funções, como lavar a louça, roupas, seu corpo, seu carro, o chão da sua casa. Logo, se pensarmos bem, a gente não precisa de um produto para cada função. Um ingrediente puro e virgem cumpre o papel de dezenas de cosméticos e diminui drasticamente seu gasto financeiro. Isso é a inteligência da natureza sendo aplicada em nossas vidas. Nós também somos parte da natureza e por isso esse padrão de cooperação funciona também em nossas vidas tão bem quanto funciona em uma floresta. Lá, uma árvore serve de sombra para plantas de estrato baixo, de casa para animais, de matéria orgânica para o solo… Se passarmos a usar essa lógica em nossas vidas, rapidamente retornaremos a um viver em harmonia com a natureza, a tão sonhada ‘sustentabilidade’.
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